domingo, 12 de dezembro de 2010

Poema ao Mestre da Etnografia Brasileira


CÂMARA CASCUDO

Patativa do Assaré*


Eu já fiz chapéu de palha,
fiz bodoque, fiz cangalha,
carrapeta e birimbau,
fui menino prezenteiro
correndo pelo terreiro
em meu cavalo de pau
Luís da Câmara Cascudo
com seu profundo estudo,
sobre o folclore tratou,
na cultura popular
foi o maior potiguar
que o Rio Grande criou
Contava tudo a miúdo
porque sabia de tudo,
conservava nos arquivos
populares tradições,
lendas e superstições
e costumes primitivos
Do folclore foi patrono,
ergueu ali o seu trono
com o dom que Deus lhe deu,
não há em nosso universo
quem possa dizer em verso
o que ele em prosa escreveu
Eu não tenho competência
para fazer referência
sobre o seu grande saber
falando de coisa antiga,
por mais que o poeta diga
falta ainda o que dizer
Acho ser ignorante,
muito ousado, petulante,
atrevido e linguarudo,
um matuto agricultor
falar sobre o professor
Luís da Câmara Cascudo
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*Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, 89 anos, foi um dos poetas populares mais apreciados por Câmara Cascudo. O poema acima foi feito especialmente para o livro-reportagem que Gildson de Oliveira está escrevendo sobre o mestre da etnografia brasileira.

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